Com o advento da internet, fica cada vez mais fácil ter o mundo na palma das mãos. Notícias chegam, atualmente, quase que em tempo real no mundo todo. Essa rapidez é uma arma poderosa contra a pandemia de COVID-19, já que a informação e a educação em saúde da população são ferramentas importantíssimas da prevenção. No entanto, apesar desse lado positivo, existe uma consequência bastante negativa nesse cenário de informações vindo de todos os lados: a desinformação. No ano de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertava que a “hesitação em relação às imunizações” estaria entre os dez maiores desafios de saúde pública global. Não é à toa que uma série de desinformações acerca de vacinas e o crescimento do movimento antivacina desencadeou um aumento exponencial dos casos de sarampo no mundo durante esse mesmo ano. A OMS afirmou que a desinformação advinda do compartilhamento de notícias falsas ameaçaria reverter o progresso já feito no combate de algumas doenças, especialmente as evitáveis por meio de vacinação. No cenário da pandemia, não foi diferente. O medo e o desconhecimento da nova doença formaram terreno fértil para disseminação ainda maior de notícias falsas. Isso levou a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) a definir esse cenário como “infodemia”, ou seja, pandemia de desinformação. A própria ONU (Organização das Nações Unidas) caracterizou a disseminação de Fake News sobre o novo SARS-CoV-2 como “mais mortal que qualquer outra desinformação”. Prova disso são as notícias falsas relacionadas à vacinação. Sabe-se hoje que as vacinas disponíveis reduzem drasticamente a chance de sucumbir gravemente à COVID-19. No entanto, as Fake News disseminadas desde antes do desenvolvimento das vacinas contaminaram a população antes mesmo do vírus. Um estudo publicado na Lancet em maio de 2020 apontava que 26% da população estudada afirmava que não tomaria a vacina, caso ela já existisse. Após o início da imunização, a desinformação aumentou ainda mais. Um projeto de monitoramento realizado pela União Pró-Vacina em grupos antivacina brasileiros nas redes sociais mostrou que o volume de publicações cresceu exponencialmente nesse período. Isso é bastante perigoso, pois sabemos que de nada adianta a imunização individual se não houver a chamada imunização de rebanho. Apenas assim se garantirá a proteção máxima contra o vírusCoibir o espalhamento de notícias falsas é uma tarefa da população, das autoridades e, especialmente, dos profissionais da saúde. Para isso, existem medidas a curto e a longo prazo. A curto prazo, deve-se pensar em medidas como punições legais para aqueles que espalham essas desinformações, por exemplo. Já a longo prazo, é necessária uma maior aproximação da comunidade científica com a população em geral, além de investimentos na educação básica. O ideal é empoderar cada indivíduo para que ele seja capaz de ir buscar suas informações em fontes confiáveis, e que também consiga desmentir informações falsas.