É verdade que Paulo Freire tinha um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização?
Criticar e desqualificar Paulo Freire geralmente é uma atitude de quem não compreende a profundidade de seu pensamento. Sua complexidade e seus ensinamentos não podem ser entendidos de maneira isolada, desconectados de um projeto social e político mais amplo, tampouco apenas por meio de discussões superficiais que descontextualizam suas ideias e conceitos.
O trabalho de Freire e sua produção teórica estão fundamentados em bases sólidas. Uma dessas bases é o idealismo, presente no pensamento católico moderno, especialmente nas comunidades eclesiais de base. Sua pedagogia é, sem dúvida, política, mas não no sentido partidário. Ela é política em seu cerne, porque envolve o debate, a construção e o confronto de ideias entre os sujeitos do processo educacional. Para Freire, a educação é um ato político, pois é ela que possibilita a construção de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária.
Naturalmente, Freire fez escolhas políticas e filosóficas. Ele buscou, por exemplo, as ideias de Marx e Engels, com destaque para o Materialismo Histórico Dialético, com o objetivo de refletir sobre a relação entre educação e sociedade. No entanto, isso não significa que ele utilizava sua filosofia para recrutar pessoas para uma revolução comunista. Ao contrário, ele via a educação como um caminho para a libertação e para o desenvolvimento de uma consciência social.
Citando Moacir Gadotti, “nenhum pedagogo ou educador tem a intenção de fazer escravos ou domesticar homens para a obediência e submissão”. Segundo a Professora Marilane Maria Wolff Paim: ”A verdadeira missão do educador é ver na educação um processo que visa o desenvolvimento humano, como Freire afirmava: “impregnar de sentido o que fazemos a cada instante”. Compreender Freire é, acima de tudo, comprometer-se com a construção de um mundo diferente, o que explica por que tantas falsas afirmações são feitas sobre ele.”
REFERÊNCIAS: