Incitação ao Ódio

Disciplina: Informática na Educação

Coordenador (a): Edméa Santos

Aluno (a): Márcia Cristina do Nascimento Conde

Matrícula.: 12112080009

Polo: Angra dos Reis

 

AD 2 de informática

Encontrar uma notícia e escrever um texto que prove se o conteúdo é:

Verdadeiro, impreciso, exagerado, contraditório, insustentável, distorcido ou falso.

 

EXAGERADO E DISTORCIDO

Exagerado e distorcido é como defini a notícia compartilhada por uma amiga de redes sociais.

Um post de uma amiga antiga de facebook que por diversas vezes estive a ponto de bloquear, pois além de não compartilhar das minhas “bolhas” vive compartilhando tudo que ataca o ex-presidente e o partido ao qual ele pertence, sem nenhuma ética.

O que na verdade muito me incomoda não são os ataques, mas a falta de ética. Não me aborreço quando postam verdades, ou mesmo fatos que ainda estão sendo apurados. Minha ira transborda quando percebo que compartilham, sem ao menos ler, sem se darem ao trabalho de pesquisar em uma ou duas fontes diferenciadas, para ter cuidado para não espalhar fake news de forma irresponsável. Afinal, hoje em dia não é tão difícil assim identificar e/ou distinguir notícias verdadeiras ou falsas, distorcidas, contraditórias, insustentáveis, imprecisas ou exageradas, pois contamos com algumas ferramentas ao nosso dispor que nos auxiliam na busca pela veracidade dos fatos a fim de nos tornarmos consumidores responsáveis. Diferente de quando éramos consumidores passivos dos meios de comunicação, hoje somos também produtores de informação, mas nossa participação tem que ser corroborativa e responsável para que possamos contribuir efetivamente para a transformação do mundo em um lugar melhor para todos.

Desinformação e exageros encontram terreno fértil para disseminação de mentiras, mais do que de verdades. Infelizmente alguns fatos passam despercebidos por meros consumidores midiáticos. Faz um tempo que vinha percebendo que minhas postagens antes bastante curtidas e compartilhadas, agora estavam diminuindo a frequência. Observei também que deixei de ter acesso às postagens de outros amigos, percebi isso por comentários entre amigos sobre o que “fulano ou ciclano” postaram, porém eu não tive acesso.

Estudando Informática na Educação descobri que o facebook altera o algoritmo de posts reduzindo a visibilidade.  Fiquei surpresa ao saber, na verdade ao tomar conhecimento de que estamos sendo hackeados por meio de curtidas e compartilhamentos. Então passei a tentar melhorar meu desempenho enquanto consumidora das mídias. Afinal como educadora não posso estar desinformada a respeito do que acontece no mundo.

Entendendo que as mídias sociais são um campo de batalha especialmente quando se aproximam as campanhas eleitorais, porém é nesse momento que entendi a importância da nossa participação, justamente por ter um pouco de conhecimento, afinal na minha humilde opinião, não existe humano mais político do que um professor! Estudamos o tempo todo, aprendemos a vida inteira e política é algo que escorre na sociedade como “manteiga em pão quente”. As pessoas negam, mas eu não conheço pessoas apolíticas, todos participam no mundo, querendo ou não, votando ou não, a própria abstenção a escolha de um candidato já se constitui em um ato político.

Confesso que sou uma espécie de “ciber-analfabeta-funcional (caso essa palavra não existe, acabei de criar), pois não entendo quase nada de internet”. O que tenho aprendido tem acontecido ao longo da minha formação acadêmica. Porém, fato é que leio bastantes notícias e posts de amigos e confesso que leio também comentários relevantes. Bem como, vez ou outra, eu entro em algumas discussões, desde que haja ética.

Pois bem, assim que li a proposta para a realização da AD2 não pensei mais que uma vez. Imediatamente veio a minha lembrança aquilo que há alguns dias essa amiga compartilhou. Um vídeo de quarenta e dois segundos, e um texto onde dizia: “É lamentável!!!”. “*MUITO GRAVE, GRAVÍSSIMO!*

*Leiam isso:* relato de uma pessoa da Secretaria de educação do Distrito Federal. Esses dias teve um curso obrigatório* para todos os professores.

Não tiveram aula para as crianças, porque os professores estariam em um *curso de formação*. Chegando lá, não foi permitida a entrada com celular. (Mas como sempre vai ter um que consegue e depois espalha) Passaram o dia inteirinho, do curso, ensinando como *atrapalhar ao máximo o Governo Bonsonaro*. Diziam que é para *doutrinar todas as crianças e adolescentes*contra o governo, fazer greve ao máximo que puder e *provocar a ira do presidente*. Quando o presidente reagir com policiamento, *é pra todos o acusarem de ditador e tentar o impeachment*. Está sendo feito um esquema de guerra contra o governo. Vão começar pelas escolas e universidades, *e depois em todos os órgãos públicos*. Tem-se conhecimento, que em Goiânia está tendo a mesma articulação. *Vamos repassar para ver se chega até ao Presidente!*

ASSISTA AO VÍDEO: Bandidos! (três mãozinhas indicando o vídeo).”

Logo a seguir esse vídeo, onde Marcelo Freixo dizia: “… Nós não temos que resistir ao governo Bolsonaro, nós temos que destruir o governo Bolsonaro…” (Só até aqui).

O que chamou a minha atenção inicialmente foi o que estava escrito, então decidi investigar de acordo com o que venho aprendendo na Disciplina Informática na Educação. Fui até o post original e observei que tinha o que passei a chamar de mini vídeo, e também um texto onde o cidadão dizia que professores estavam em um curso obrigatório, onde passaram o dia inteiro aprendendo a doutrinar todas as crianças e adolescentes contra o governo… E por ai segue o texto, não vou me alongar.

Aprendemos na disciplina, que política é um terreno fertilíssimo para os fake News e que existem até pessoas especializadas em produzir notícias falsas.

Reli algumas aulas e segui com minhas investigações. Além da costumeira falta de ética da referida amiga, o vídeo era demasiadamente pequeno para chegar a tantas conclusões. Segundo ponto, a quantidade de visualizações. Mas, o que mais acendeu minha curiosidade foi que o vídeo parado estava escrito: “Debate e logo abaixo: A Unidade dos Progressistas contra o neoliberalismo e a extrema-direita”.

Coloquei em prática o venho aprendendo na disciplina. Coloquei essa frase no Google e imediatamente apareceu o vídeo na íntegra. Assisti ao vídeo todo, (disponível em: https://pt.org.br/com-manu-lupi-siqueira-e-freixo-gleisi-exalta-a-unidade-progressista/), detalhe por detalhe, até que cheguei à parte que foi retirada para que fosse montado o que chamei de “incitação ao ódio”.

Observei então o grande estrago que poderia estar sendo feito, pois o exagero dos fatos, quando o texto compartilhado, junto com o trecho do vídeo chama a atenção para um provável “esquema de guerra contra o atual governo”, envolvendo professores. Quando na realidade tratava-se de uma comemoração aos 40 anos do PT e também uma união entre alguns partidos e não apenas o referido partido. Todos presentes, não só o PT ( Partido dos Trabalhadores), discursaram em oposição ao atual governo, que vem desafiando não só a estabilidade da política brasileira, mas desafia o mundo inteiro, causando não só, na minha opinião um mal estar em todas as esferas, pois fala o que quer,  como quer e onde quer, como também, alguém que governa como se o país fosse sua casa e não uma nação.

Ao assistir o vídeo na íntegra pela terceira vez, o sangue de professor que corre nas minhas veias ardeu ao recordar que o atual governo ataca nosso grande pensador, se não o maior de todos os educadores, ilustríssimo Paulo Freire.

Neste momento, voltei a este trabalho, concluindo que a notícia por mim escolhida, (ate o momento que acessei visualizada 390.252 vezes) era falsa, mesmo tendo partido de um vídeo que realmente existe, o conteúdo do texto era impreciso, pois conforme citei anteriormente, muita informação para ser retirada de um vídeo de 42 segundos. Insustentável, tendo em vista que existe o vídeo original.  Que a pessoa citada não teve a responsabilidade, de pelo menos assistir e assim comprovar ou não a veracidade da informação que o texto trazia. E por último distorcido, a fim de descredibilizar não só os políticos esquerdistas, mas também a classe de professores. Mas, não apenas isso se criou uma “verdade paralela” ao fato, uma pós-verdade, alterando o verdadeiro cenário. Pois na verdade o vídeo original era um debate em comemoração aos 40 anos do Partido dos Trabalhadores, conforme citei anteriormente.

Assim coloco aqui a minha indignação, pois investigando um pouco mais, essa amiga de rede social é também professora que se quer deu-se ao trabalho de prestar atenção no que estava compartilhando, pude ver que o conteúdo por ela compartilhado, vinha de uma fonte (amigo de rede social dela) que tem por habito, compartilhar vários conteúdos ao mesmo tempo. Enfim, entendi que o cidadão compartilha da mesma “bolha” que a referida amiga virtual.

Pensei em bloquear, mas lembrei de que, segundo os textos estudados, “É preciso entender as regras do jogo”. Até porque, se eu bloquear todos os que pensam diferente de mim, estaria me privando de conhecer o outro. Como educadora não posso abster-me de aprender com o outro, ainda que eu não concorde com o modo de pensa e até mesmo de agir, o outro sempre tem algo a nos ensinar, ninguém é dono da verdade absoluta.

Em favor dos que buscam a veracidade dos fatos aprendemos na disciplina que temos agencias como a Agência Lupa, que se preocupa com quem fala, o que fala, e “o barulho” que faz. Contamos com pessoas capacitadas para nos auxiliar nesta busca por uma coprodução de notícias verdadeiras, mesmo entendendo que não há como resolver completamente o problema das fake News.  Porém temos sim, através fact-checking, como juntar informações que nos aproximem ao máximo das notícias verdadeiras, filtrando e visualizando o acontecido além do que nossos olhos veem. Pois, quando o assunto é mídias sociais, mentiras e verdades caminham juntas, conforme pudemos comprovar na notícia por mim trazida, pois a falta de ética de pessoas que compartilham do mesmo ciberespaço repassando algo que foi tirado de um contexto, com o objetivo de denegrir a imagem de um determinado partido, tirando vantagem da desinformação de algumas pessoas que no meu entendimento são influências tóxicas.

Conforme, pudemos observar em algumas falas que incitavam o ódio, propagando mentiras e ofendendo a honra dos colegas educadores, pois sabemos bem que temos lutado para levar nossos alunos ao pensamento crítico, afim de que venham exercer seus direitos e cumprir seus deveres com a Pátria. Agindo sobre o mundo em que vivemos, modificando e transformando-o em um lugar melhor para todos, não apenas viver no mundo e aceitar as regras antigas, pois se há um caminho para alcançarmos a dignidade, esse não é outro senão a educação; só ela transforma, só ela é capaz de libertar!

As redes sociais, o ciberespaço, não precisam ser um território do bem e do mal, o debate com ética torna a internet um espaço de efetivas aprendizagens, onde devem sim ser utilizada por alunos e professores, mas com conhecimento e domínio das ferramentas para que as verdades prevaleçam e possamos transformar os ciberespaços para o bem comum. Assim, entendi que “quando não damos conta de distinguir o que é falso do que é verdadeiro isso se torna potencialmente perigoso”.             Porém não poderia me despedir deste trabalho, sem concluir que não foi de todo mal ter amigos virtuais fora da minha “bolha”. Foi movida pela minha indignação, ao visualizar através da minha “bolha”, algo que não ia de encontro aos meus pensamentos, aos meus ideais, que pude aprender ao investigar a veracidade das noticias e também contemplar um debate fantástico que muito enriqueceu meus conhecimentos a respeito do mundo em que vivo. Entendi que quando gritam “Mariele vive!”, não é a pessoa de Mariele que vive, mas sim seus ideais, seus sonhos e projetos, independentemente de sua condição social, cor de pele, religião ou opção sexual!

É meu papel como educadora, fazer brilhar o melhor que cada ser humano traz dentro de si.