O mundo vive um momento inimaginável, enfrentando uma pandemia, um inimigo invisível aos olhos, mas que precisa ser contido e superado. Nesta medida, são requeridas ações preventivas à saúde de toda a população e, dentre elas, o uso da máscara é considerado indispensável à segurança de todos, tanto para proteção do usuário, quanto dos que estão próximos dele.
E é neste contexto de medo à toda população nacional, em que medidas de isolamento social estão em plena vigência, em que enfrentamos ainda a questões econômicas iminentes, em razão do fechamento de milhares de empresas, e a impossibilidade de estarmos próximos aos entes queridos, que circulou, maciçamente, pelo aplicativo de mensagens WhatsApp, um vídeo, onde uma pessoa identificada como Adélio, que informa ser pastor, oferece à população uma máscara especial, vendida pela internet. O motivo dela ser especial se deve ao fato de que ela é “invisível”, porque representa o poder de Deus e, portanto, garante a proteção das pessoas contra o COVID-19. Se não fosse o bastante o absurdo da proposta, esta oferta ainda era anunciada pelo valor de R$ 300,00.
Tal mensagem deixava o fiéis da fé cristã indignados, exaltados, e a mensagem começou a ganhar vulto e disseminação, fosse como crítica, fosse como indignação. E foi em razão desta grande disseminação do vídeo, pelo aplicativo de mensagens, que as ferramentas de verificação foram acionadas e verificaram que, em verdade, o vídeo fazia parte do material de divulgação de um humorista, que gravou a mensagem e disponibilizou em sua rede social como meio de publicidade e divertimento, a fim de atrair os “likes” dos seus seguidores.
Imagina-se que alguém baixou o vídeo e enviou para os amigos, e nessa altura não se tem como determinar a motivação dessa pessoa que começou o envio, ou em que momento alguém começou a simplesmente compartilhar o vídeo sem qualquer explicação, deixando aqueles que recebem acreditar, muitas vezes sem intenção, que se tratava de uma mensagem verdadeira no sentido da “oferta” e da qualificação do personagem.
Situações como essa comprovam a importância de se educar a população a verificar os conteúdos antes de promover a divulgação, sob pena de causarmos, ainda que sem intenção, danos sérios, de diversas magnitudes, conforme o conteúdo envolvido.
Nesse caso, do humorista, não é difícil imaginar que um fiel mais agitado, que talvez estivesse sob forte stress em razão do isolamento social, ou porque não pode trabalhar em razão do fechamento do comércio, que tivesse encontrado o ator na rua, poderia ter um comportamento violento para com o artista, agredindo-o. E até que fosse possível o esclarecimento dos fatos poderíamos ter, até, uma tragédia.
Referências: sítio O Fuxico Gospel, disponível no link <https://www.ofuxicogospel.com.br/2020/05/pastor-vende-mascara-invisivel-por-r-300-reais-verdade-ou-mentira.html >, acessado em 22/05/2020 às 01h30 e sítio Folha de São Paula, na guia “Lupa”, disponível no link <https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2020/05/18/verificamos-pastor-adelio-coronavirus/ > acessado em 22/05/2020 às 01h38