#FACTCHECKINGBOLSONARO

Na terça-feira dia 22 de setembro a aclamada revista norte americana Times publicou sua famosa lista das 100 pessoas mais influentes mundialmente. A matéria conta com diversas categorias como pioneiros, artistas, titãs, ícones e líderes, nessa última consta uma figura de extrema importância nacional, o presidente Jair Bolsonaro. Os próprios títulos selecionados para caracterizar os escolhidos trazem uma conotação positivista mas não é o caso de todos da lista. Tal como Xi Jinping atual líder chinês e Donald Trump presidente dos EUA, Bolsonaro se encontra na lista por motivos nefastos. A matéria se inicia com números: de mortos pela covid-19 que chegaram aos alarmantes 137mil pela persistente indiferença do líder; e pelos incêndios recordes na floresta amazônica, além da quantidade de ministros demitidos, ou que se demitiram, e ainda não substituídos. Segue a primeira parte do texto na íntegra:

“A história do ano do Brasil pode ser contada em números: 137 mil vidas perdidas para o coronavírus. A pior recessão em 40 anos. Pelo menos 5 ministros demitidos ou que pediram demissão. Mais de 29 mil incêndios na floresta amazônica somente em agosto. Um presidente cujo ceticismo teimoso sobre a pandemia e indiferença em relação à espoliação ambiental elevou todos esses números”, afirma o texto assinado pelo editor internacional da Time, Dan Stewart.

Apesar dessa nova titularidade abominável o que aparece em uma das suas páginas mais apinhada de seguidores no Facebook não condiz com a verdade. Um post realizado no dia seguinte pelo deputado federal do Rio Grande Do Sul, Bibo Nunes afirma: “O presidente Jair Messias Bolsonaro entrou para a lista das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2020. Esta é a segunda vez que o presidente entra na lista.” Adicionando ainda as hashtags: #FechadoComBolsonaro #BolsonaroTemRazão #SomosTodosBolsonaro #Bolsonaro2022 #Bolsonaro #Brasil.

Que Bolsonaro entrou pra lista é verdade, porém o que o devoto deputado não menciona no seu post é a realidade degradante do conteúdo da matéria e o porquê da influência do presidente, claramente negativa e vexaminosa de acordo com o autor da Times. O post distorce a franqueza dos efeitos negativos da política de Bolsonaro como se a legenda “influente” fosse automaticamente positiva. Percebe-se aqui a extra valorização que os seguidores do presidente dão ao status de tudo que vem do EUA, mesmo sem ler a matéria, mesmo sendo do ponto de vista negativo.

A única numeração positiva em relação ao presidente é o destaque a aprovação dele em pesquisas de opinião, de 37% em levantamentos do final de agosto, onde o autor a atribui em parte ao auxílio emergencial pago a vulneráveis durante a pandemia, além do que chamou de “seguidores fervorosos” do presidente, “apesar de uma série de acusações de corrupção e um dos números mais altos de mortos por Covid-19 no mundo”. Num desfecho lastimável, porém ajuizado o escritor declara que “Para sua base, ele simplesmente não pode errar. E o resto do Brasil, e do mundo, é deixado para contabilizar os custos” numa clara crítica à resistência deslumbrada da base ainda acreditada de apoiadores do presidente ainda sem partido. Parece que Nietzsche acertou quando escreveu “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.

Links utilizados para verificação da veracidade do conteúdo da notícia:

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/23/bolsonaro-esta-entre-os-100-mais-influentes-do-mundo-segundo-a-time.ghtml

https://www.infomoney.com.br/economia/revista-time-coloca-bolsonaro-entre-100-mais-influentes-e-o-responsabiliza-por-mortos-na-pandemia-e-crise-ambiental/