Encontrei uma notícia em um perfil de curiosidades no Instagram chamado oqueaconteceria_oficial. O título da notícia é “Cientistas descobriram um mamute que andou equivalente a duas voltas no planeta antes de sua morte”, com a seguinte descrição: “Há 17 mil anos, um mamute macho teve seu fim pela fome no norte do Alasca, foi assim que ele continuou congelado e preservado. Quando foi achado pelos cientistas, eles descobriram que suas presas (o marfim) guardavam informações importantes sobre todos os locais percorridos pelo animal ao longo de sua vida. Isso só foi possível porque cada região do planeta possui assinaturas diferentes de diversos isótopos presentes no meio. Quando o mamute se alimenta de plantas ou qualquer outra coisa que esteja em uma certa região, ele consome também isótopos específicos daquela área geográfica. Então eles mapearam cada um e chegaram à conclusão impressionante de que o bicho havia andado o equivalente a duas voltas no planeta!” (OQUEACONTECERIA_OFICIAL, 2022).
Ao observar o perfil, notei que a publicação não possuía nenhum link de referência, tampouco o autor do texto ou a pessoa responsável pelo perfil. Até então, a notícia aparentava ser falsa ou insustentável, pois não haviam fontes ou informações que comprovassem a sua veracidade. Ao pesquisar no Google, encontrei uma reportagem publicada pelo Galileu, revista que aborda assuntos relacionados a ciência, história, tecnologia, entre outros, da Editora Globo. As informações descritas pela revista Galileu (GALILEU, 2021) batiam com as informações do perfil no Instagram. Por ser da Editora Globo, acreditei que as informações seriam verídicas e haveriam fontes. No entanto, não haviam. Como o site Galileu citava o nome do líder do estudo, Matthew Wooller, e do paleontólogo, Patrick Druckenmiller, resolvi pesquisar projetos em que eles tivessem trabalhados em conjunto.
Dessa forma, encontrei uma matéria publicada pelo site Scienmag Science Magazine (MAGAZINE, 2021). Nesse site, haviam informações adicionais, além de conter os contatos de mídia, o contato do próprio Matthew, responsável pela pesquisa, e a referência bibliográfica das informações. Buscando a referência disponibilizada no site, encontrei o artigo (WOOLLER et al., 2021) do trabalho deles, publicado pelo Science, uma das revistas acadêmicas mais prestigiadas do mundo. Não consegui acesso ao artigo, pois o conteúdo é pago. Minha conclusão é que as informações são verdadeiras.
É preciso mencionar que as pessoas que visualizaram a publicação no Instagram não acreditaram na notícia, visto que alguns dos comentários foram os seguintes: “As provas estão nas notinhas pagas do pedágio”, “Isso é verdade, encontrei as pegadas dele aqui em Criciúma”, “Não sei como o povo acredita nesses contos”, entre tantos outros. Nesse sentido, é importante checar os fatos, pois muitas informações verdadeiras e importantes podem se passar como falsas, quando não são apresentadas as fontes e origens dessas informações.
Referências Bibliográficas:
CIENTISTAS descobriram que um mamute que andou equivalente a duas voltas no planeta antes de sua morte: Há 17 mil anos, um mamute macho teve seu fim pela fome no norte do Alasca, foi assim que ele continuou congelado e preservado. Quando foi achado pelos cientistas, eles descobriram que suas presas (o marfim) guardavam informações importantes sobre todos os locais percorridos pelo animal ao longo de sua vida. Isso só foi possível porque cada região do planeta possui assinaturas diferentes de diversos isótopos presentes no meio. Quando o mamute se alimenta de plantas ou qualquer outra coisa que esteja em uma certa região, ele consome também isótopos específicos daquela área geográfica. Então eles mapearam cada um e chegaram à conclusão impressionante de que o bicho havia andado o equivalente a duas voltas no planeta!. Instagram: oqueaconteceria_oficial, 20 set. 2022. Disponível em: https://www.instagram.com/p/CivOETxMxTV/?igshid=YmMyMTA2M2Y=. Acesso em: 25 set. 2022.
GALILEU, REDAÇÃO. Fóssil revela mamute de 17 mil anos que andou distância de 2 voltas na Terra: Estudo com presa do animal da espécie “Mammuthus primigenius” é a primeira evidência de que esse mamífero extinto viajava grandes distâncias, segundo pesquisadores. [S. l.], 13 set. 2021. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2021/08/fossil-revela-mamute-de-17-mil-anos-que-andou-distancia-de-2-voltas-na-terra.html. Acesso em: 25 set. 2022.
MAGAZINE, Scienmag Science. Study takes unprecedented peek into life of 17,000-year-old mammoth. [S. l.], 14 ago. 2021. Disponível em: https://scienmag.com/study-takes-unprecedented-peek-into-life-of-17000-year-old-mammoth/. Acesso em: 25 set. 2022.
WOOLLER, Matthew J.; BATAILLE, Clemente; DRUCKENMILLER, Patrick; GROVES, Pamela; ERICKSON, Gregory M.; HAUBENSTOCK, Norma; IRRGEHER, Johanna; HOWE, Timothy; MANN, Daniel; MOON, Katherine; POTTER, Ben A.; PROHASKA, Thomas; RASIC, Jeffrey; REUTHER, Joshua; SHAPIRO, Beth; SPALETA, Karen J.; WILLIS, Amy D. Lifetime mobility of an Arctic woolly mammoth, [S. l.], v. 373, n. 6556, p. 806-808, 13 ago. 2021. DOI: 10.1126/science.abg1134. Disponível em: https://www.science.org/doi/10.1126/science.abg1134. Acesso em: 25 set. 2022.