Segundo a informação postada “o uso prolongado da máscara produz hipoxia.”
O conteúdo diz que se “respirar repetidamente o ar expirado, ele se transformaria dióxido de carbono” o que faria se “sentir tonto”. Acrescenta ainda que se o usuário se movimenta se intoxica mais, além de narrar diversos sintomas, como desconforto, perda de reflexos e pensamento consciente.
Logo de início, verifiquei que a informação teria sido atribuída a alguém chamado Dr. Eduardo E.Herrerra, no entanto, não há qualquer outro dado, logo, não se sabe doutor “de que” seria, subentende-se que seria médico, mas sem qualquer referência sobre a especialidade, assim como não há qualquer identificação, se é atuante, se é recém-formado, se possui CRM ou ainda se é especialista em área conexa ao assunto.
Outro fato interessante é que embora o texto esteja assinado por um doutor, traz algumas
explicações que considerei pouco técnicas, como por exemplo: primeiro fala em tontura, e em seguida que haveria intoxicação maior quando o usuário “deve se mover, realizar ações de deslocamento”, mas sabemos que tontura já significaria perda do equilíbrio, logo questiono: como alguém com tontura conseguiria fazer muito movimento ou longos deslocamentos? Outra característica textual que me causou estranheza foi da linguagem usada: ”realizar ações de deslocamento”, pois bastaria dizer se mover ou se deslocar.
Não sou da área médica, mas perda de “pensamento consciente” não me soa como expressão técnica, inclusive acredito que se pudesse ficar inconsciente, o alerta natural seria para desmaio e risco de queda, o que poderia causar danos também, mas isso não é dito.
Outro detalhe importante é que não se específica qual tipo de máscara causaria os referidos danos, pois, existem diversos tipos, de diferentes materiais, profissionais, caseiras, de carnaval, etc.
Ainda é mencionado “o perigo de dirigir usando máscara”, com a alegação de que o ar viciado, pode fazer o motorista “perder a consciência”, o que me soa estranho, pois é sabido que alguns médicos passam horas nas mesas de cirurgia operando e que usam máscaras para tanto, logo, seria arriscado então no meio de uma cirurgia um médico perder a consciência!
A recomendação é “usa-lo somente se tiver alguém na frente ou muito próximo e é importante levanta-lo a cada 10 minutos para continuar se sentindo saudável”, a recomendação é outro dado que gera desconfiança, primeiro pelo uso português, ao usar pronome masculino e máscara é palavra feminina. Em seguida pela própria lógica, se só se usa na proximidade de outras pessoas, qual a vantagem de usar algo se levanta reiteradas vezes em pequenos intervalos de tempo?
Ainda causa estranheza a expressão “continuar se sentindo saudável”, e não se reporta a questão de evitar o risco da intoxicação ou outro narrado no início da narrativa.
Em seguida, parece ser direcionado para trabalhadores, pois diz que é “contraproducente para pessoas que servem ao público oito horas, pois estão se intoxicando sem saber”, ocorre que inicialmente afirma que a pessoa se sente tonta, no entanto, agora falam que intoxicação não é percebida.
Após escreve “que todas as vidas são importantes”, com erro de pontuação e que “essa prevenção não leva a outro problema”, e não diz qual é o “outro problema”, que no caso é: “ser contaminado ou contaminar alguém com COVID-19”. E encerra pedindo pra que “usem a máscara conscientemente”, para dar uma impressão de que é recomendado o uso, desde que a “levante” toda hora, sem sequer falar sobre a higienização das mãos.
Assim, independente do conteúdo exposto sobre a transformação em dióxido de carbono ou a quebra da glicose, já considero conteúdo da mensagem FALSO por ir de encontro as recomendações oficiais para prevenção ao COVID19 de que se deve evitar tocar o rosto e a máscara protege exatamente contra as gotículas que podem conter vírus, e se a levantar ocorre a “desproteção”.
As pesquisas realizadas :
O ministério da saúde alerta sobre o uso de máscaras, sendo que como as profissionais sumiram do mercado, portanto, sugere o uso de máscara caseiras, feitas de pano, as quais para serem eficientes como uma barreira física, precisam seguir algumas especificações, sendo que inclusive pode ser feita com um tecido grosso, não há qualquer informação sobre efeitos adversos do uso da máscara, exceto pelo fato da higienização, ser individual e trocada caso fique úmida.
Assim como o portal da FIOCRUZ reitera as orientações e instruções do Ministério da Saúde sobre confecção de máscaras caseiras, e ressalta ainda que máscaras do tipo N95 devem ser usadas pelos profissionais da área da saúde que lidam com pacientes da Covid-19 para proteção individual. E deixa claro que não se deve tocar a máscara depois de coloca-la, dentre outras instruções.
https://portal.fiocruz.br/pergunta/utilizacao-das-mascaras-e-recomendada-para-evitar-o-coronavirus
Ao pesquisar no site de busca “intoxicação dióxido carbono sintomas” apareceram dentre os resultado que a intoxicação por “monóxido de carbono” tem como sintomas mais comuns são dores de cabeça, tonturas, fraqueza, vômitos, dor tórax e confusão. E a inalação prolongada pode resultar em perda de consciência, arritmia cardíaca, crise epilética ou morte.
Dessa forma, embora alguns sintomas sejam parecidos, observei que há outros mais graves que não foram citados.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Intoxica%C3%A7%C3%A3o_por_mon%C3%B3xido_de_carbono
Tendo em vista o resultado da busca, também pesquisei a diferença entre os termos e o resultado foi:
O monóxido de carbono é um gás inodoro, incolor e tóxico. Ele é produzido pela combustão incompleta (pouco oxigênio) de matéria orgânica. … A fórmula do monóxido de carbono é o CO, e ele é gerado pela falta de fornecimento de oxigênio para permitir a total oxidação para o dióxido de carbono (CO2).
Por fim, o jornal o globo também classificou a noticia como falsa, citando nomes especialistas que se manifestam e contradizem as informações:.
Por fim, identifiquei após realizar meu trabalho, que no dia seguinte (06.05) a agencia AFP de checagem também classificou a noticia como falsa.
https://checamos.afp.com/usar-mascaras-de-protecao-nao-provoca-falta-de-oxigenio