Circula nas redes sociais um vídeo em que um homem condena as máscaras de proteção que vêm sendo utilizadas contra o coronavírus, Ele diz que o uso faz mal à saúde, porque leva à redução da imunidade e à proliferação de bactérias no organismo. É #FAKE.
É incrível , e muito triste, como em tempos tão conturbados com a pandemia, problema que afeta o planeta, ainda existam pessoas capazes de propagar fake News, essas atitudes são particularmente perigosas quando causam pânico generalizado e levam as pessoas a sair em massa para comprar produtos que lhes permita sobreviver durante as quarentenas decretadas na maioria dos países, quando se trata de medicação, pode levar o indivíduo a morte. Embora a mídia venha alertando diuturnamente que aglomeração de pessoas facilita a propagação do coronavírus, ainda temos muitas pessoas que não cumprem as normas da OMS, o que vem fazendo com que a curva no Brasil cresça dia a dia, muito triste nossa estatística, o jornal O Globo analisou informações que circulam nas redes, separando-as em “fato” ou “fake”. O Ministério da Saúde, por sua vez, criou um número de WhatsApp para receber “informações virais” sobre o coronavírus, que são analisadas por técnicos da área. Desde o início da epidemia, foram recebidas 6.500 mensagens, das quais 90% estavam relacionadas à nova doença. Destas, 85% eram falsas.
No vídeo, o homem diz: “Se você usar máscara, vai respirar menos oxigênio e mais dióxido de carbono. Vai ter mais bactérias na sua boca, gengiva, atacar seus dentes, seu trato respiratório, seus pulmões. Tem menor oxigenação do seu corpo, a imunidade prejudicada, e você vai estar mais suscetível a pegar qualquer vírus, inclusive o coronavírus”. Todas as informações estão incorretas, de acordo com especialistas entrevistados pela CBN. Eles ressaltam a importância do uso da máscara para conter a propagação do coronavírus, além das medidas de isolamento social. A utilização é preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. Segundo o professor titular de infectologia da UFRJ Mauro Schechter, não há relação do uso de máscaras faciais com qualquer uma das afirmações feitas no vídeo. “No máximo, caso tenham sido mal colocadas e/ou utilizadas por longos períodos, as máscaras podem causar feridas superficiais”, diz o infectologista. A imunidade não é afetada pelo item de proteção, explica o pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffreé e Guinle. “Mais uma vez, tentam desinformar a população com mentiras sobre o uso das máscaras. O uso reduz o contato com agentes que produzem infecção, mas de maneira alguma atua reduzindo a imunidade. Para alterar a imunidade, é preciso ocorrer alguma intervenção em órgãos responsáveis pela produção de células de defesa do organismo, como baço e medula óssea, das quais a máscara está bem longe.”
Sobre as bactérias, ele diz que basta que as pessoas atentem para os cuidados com as máscaras. “Se tomadas medidas de higiene básicas, como a troca das máscaras descartáveis a cada três ou quatro horas, assim como as de pano, que devem ser lavadas após o uso, não existe esse risco de proliferação.”O infectologista Paulo Santos, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, reforça que o hábito de usar máscara não traz prejuízo para o sistema imunológico. “O uso eventual, como numa situação de pandemia, mesmo que esta situação se perdure por meses, não é suficiente para reduzir a imunidade de um indivíduo”, esclarece.Tampouco há risco aumentado de infecção bacteriana, ele explica. “De forma alguma. Ao respirarmos usando máscara, estamos eliminando a nossa própria microbiota. A máscara fica, sim, potencialmente impregnada dessas bactérias, mas isso não representa um risco para a saúde, desde que as regras de higiene e limpeza frequentes sejam adotadas, conforme orientado pelo Ministério da Saúde.” A mensagem falsa se baseia em teorias conspiratórias, segundo as quais os governos, ao determinarem medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio e as restrições na circulação nas ruas, estão restringido a liberdade da população de ir e vir sem que haja necessidade disso.Uma outra informação incorreta da mensagem é a de que a máscara aumenta o nível de dióxido de carbono e diminui a oxigenação do corpo. Rodolfo Fred Behrsin ressalta que o material não retém o dióxido de carbono na respiração – ele é eliminado.
“Ela é totalmente permeável”, aponta.A equipe do Fato ou Fake já desmentiu que a utilização de máscara leva a um quadro de intoxicação por dióxido de carbono e baixa oxigenação do organismo. Como as máscaras não são hermeticamente fechadas, a respiração não é prejudicada, e a troca do oxigênio e do gás carbônico se dá normalmente. Pode haver desconforto quando a pessoa já está com dificuldades respiratórias, pelo aumento do esforço, mas não há risco de intoxicação.O vídeo ainda diz que o álcool, usado para higienizar as mãos e objetos, leva à queda da imunidade. “Isso não acontece. A imunidade é um processo ativado por uma infecção, e não tem nada a ver com o álcool usado. Ele não aumenta nem reduz a imunidade”, diz Domingos Alves, pesquisador do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.Como outros especialistas que se debruçam sobre a crise do coronavírus vêm fazendo nos últimos dias, ele rebate também o argumento de que 70% da população será infectada pelo coronavírus e que, por isso, de nada serve o distanciamento social feito Brasil afora. Esta tese é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Se isso for verdade, porém, a tese do isolamento fica ainda mais forte.“Quando as pessoas dizem que o vírus só vai parar quando 70% da população for infectada, não pensam que, se nós chegarmos a este percentual, serão em torno de 154 milhões de pessoas contaminadas e, talvez, 13 milhões de pessoas internadas. Numa conta rápida, teríamos mais de 1 milhão de óbitos”, aponta Alves.“Todas as medidas que estão sendo tomadas, na falta de uma vacina, se baseiam no fato de a gente ter que controlar a velocidade de propagação do vírus. O vídeo não tem qualquer fundamento e não é só fake news, é criminoso.” Alves faz um alerta: antes de o espectador considerar o conteúdo de vídeos como esse, que desmerecem medidas para conter a pandemia consagradas no mundo todo, pelas mais altas autoridades de saúde, ele deve atentar para a formação acadêmica dos autores das mensagens.
https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/04/02/uma-educacao-necessaria/