É falso que filho de William Bonner recebeu o Auxílio Emergencial de R$600

É falso que filho de William Bonner recebe auxílio emergencial de R$ 600

Em maio deste ano, assim que foi liberado o auxílio emergencial concedido pelo governo por conta da pandemia ocasionada pela COVID-19, circulou pelas redes sociais a notícia que Vinícius Bonemer, filho do jornalista William Bonner, estaria recebendo irregularmente o benefício. O post, carregado de comentários ofensivos e com erro de ortografia (ou de digitação) na manchete, apareceu em meu feed através do compartilhamento feito por um parente, que faz parte de um grupo de apoio ao Presidente Jair Bolsonaro.

A manchete imediatamente me causou estranhamento, duvidei que alguém famoso, que não se enquadra nas exigências para a concessão do benefício, se arriscaria a fraudar o sistema e ser exposto da forma que foi. Iniciei então uma busca por mais informações sobre o caso. Segundo o site de checagem de notícias Boatos.org, “De fato, consta no sistema da Caixa Econômica Federal que Vinícius Bonemer é um dos beneficiários do Auxílio Emergencial. Porém, isso não significa que foi ele quem solicitou e está recebendo o dinheiro.” Vamos aos fatos!

Tão rápida quanto a repercussão da acusação, foi a reação de Bonner em defesa de Vinícius, “Meu filho não pediu auxílio nenhum, não autorizou ninguém a fazer isso por ele. Mais uma fraude, obviamente”, escreveu o jornalista em sua conta no Twitter. Disse ainda que, “Estelionatários têm usado há 3 anos o nome e o CPF de meu filho para fraudes, como a abertura de empresas ou a contratação de serviços de TV por assinatura, entre outras. Constituí advogados para encerrar todas as falcatruas, devidamente denunciadas à polícia, com queixas registradas em boletins de ocorrência.

A repetição de fraudes chegou ao ponto de tornar recomendável uma troca do CPF. Mas, no Brasil, a vítima de golpes dessa natureza precisa passar por uma longa provação, em que tempo e dinheiro se esvaem no desenrolar do processo burocrático. Por justiça, não deveria ser assim. Meu filho e qualquer cidadão vítima de estelionato precisariam ser defendidos pela burocracia, em vez de punidos por ela. (…) Mas, desta vez, o que vem à tona é ainda mais grave. Pelos critérios do programa de auxílio emergencial, alguém nas condições sócio-econômicas do meu filho não tem direito aos 600 reais da ajuda. Portanto, quem quer que viesse a usar o nome, o CPF e dados pessoais dele deveria receber como resposta ao pleito um “não”. “Mas, pelo que vimos ao consultar o site do Dataprev, o pedido de auxílio feito por um fraudador foi aprovado.”. A declaração de Bonner diante dessa situação nos chama a atenção para um outro problema atual, o quão expostos estamos, diante de tanta informação que disponibilizamos ao utilizar as plataformas virtuais, colocando em xeque a (in)segurança e a vulnerabilidade dos sistemas de análise de dados.

De acordo com a reportagem da Veja, “O caso do filho do apresentador da TV Globo se junta a outros relatos de fraudes — como os 73 mil militares que receberam indevidamente o recurso — e escancara uma ineficiência do programa de transferência de renda, com gastos estimados em quase 124 bilhões de reais para três meses de operação. Até quarta-feira (20/05/2020), haviam sido pagos 62,3 milhões de reais para 51,6 milhões de CPFs, porém, não há como saber se o auxílio realmente chegou nas mãos de quem precisa. (…)O caso do filho de Bonner e dos militares que conseguiram o auxílio mostra que, minimamente,  o cruzamento dos dados tem alguma falha. (…) Bonner afirma que a família irá registrar uma queixa-crime contra a fraude de uso do CPF.”

As agências de checagem de notícias “Boatos.org”, “Aos Fatos” e “Lupa” foram unânimes em categorizar a notícia como “falsa”, sendo assim, de acordo com as agências e com a análise dos fatos, concluímos categorizar como “falso” que Vinícius Bonemer está recebendo o auxílio emergencial.

 

Fontes: