Dona de casa abre processo contra o Governo Federal após Bolsonaro afirmar em discurso na ONU que está sendo pago U$1000 de auxílio

Vivemos na era da cibercultura, em que os avanços tecnológicos acontecem cada vez mais rápidos e ninguém previu as consequências do uso massivo da internet. Popularizando-se no final dos anos 90, apenas uma pequena parcela da população possuía acesso à internet, surgindo como uma opção de entretenimento e conhecimento. No início dos anos 2000, ouve o boom das redes sociais e, mais tarde, com a invenção do smartphone, tornou-se difícil encontrar alguém que não estivesse em pelo menos uma rede social. Porém, não se falava ou não se conheciam os riscos que essa nova tecnologia apresentava para a população.

Rapidamente, começamos a receber notícias duvidosas, sem uma fonte confiável. As pessoas passaram a se informar pelas redes sociais e a compartilhar informações esquecendo-se que agora qualquer indivíduo pode escrever o que quiser, mesmo uma mentira, para beneficiar-se ou prejudicar alguém. E assim, as fake-news começaram a difundir-se e a confundir os internautas que, hoje, não sabem mais diferenciar o que é real e o que não é.

As agências de fact-checking têm, portanto, um importante papel para a nossa sociedade atualmente, investigando as notícias duvidosas que circulam nas redes para nos informar, segundo suas categorias estabelecidas, o que é verdadeiro, impreciso, exagerado, contraditório, insustentável, distorcido ou falso. Seu método inclui a seleção de declarações ou notícias relevantes ou que ganham popularidade nas redes sociais, apurando a fonte primária de quem divulgou a notícia e, se confirmada a desinformação, procurando em fontes confiáveis. Em caso de necessidade, consultam também fontes oficiais e alternativas que são listadas para o público e, por fim, contextualizam a informação para, assim, categorizá-la como verdadeira, se ela for condizente com os fatos, sem necessidade de contextualização; imprecisa, caso necessite de contextualização para ser considerada verdadeira em determinado cenário; exagerada, quando o exagero de uma declaração a torna quase falsa; insustentável, quando não há fatos ou dados que sustentem a declaração; contraditória, quando seu conteúdo é oposto ao que fora afirmado anteriormente; distorcida, quando seu conteúdo é enganoso e tem o objetivo de confundir, e falso, quando não há amparo factual e seus dados a contradizem de modo objetivo.

Para realizar esta atividade, acessei o Twitter, que é uma grande rede social em que sempre que um assunto é muito comentado, há grandes chances de se encontrar alguma informação duvidosa sobre ele. Digitei, então, “Governo Federal” no campo de pesquisa, já que o governo atual emite inúmeras notícias duvidosas constantemente. Dentre os resultados, um me chamou a atenção:

“Dona de casa abre processo contra o Governo Federal após Bolsonaro afirmar em discurso na ONU que está sendo pago U$1000 de auxílio, equivalente a R$5400. A dona de casa afirma que não recebeu esse valor”. (Imagem em anexo)

Fonte: https://twitter.com/BCPolitica/status/1309844242953416709

Como a notícia não possuía uma fonte e eu não conhecia o perfil que a publicou, acessei o Google e digitei suas palavras-chaves “Dona de casa auxílio Bolsonaro”, cuja pesquisa encontrou os resultados conforme imagem anexada.

O primeiro resultado e que também me mostrou ser a fonte primária da notícia se referia ao portal do G1, que é um renomado e confiável veículo de notícias. Ao clicar em seu link (https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/blog/edimilson-avila/noticia/2020/09/26/dona-de-casa-vai-a-justica-por-auxilio-emergencial-de-us-1-mil-citado-por-bolsonaro-na-onu-em-vez-dos-r-24-mil-que-recebeu.ghtml), notei que a notícia era condizente com o título da matéria e citava o pronunciamento de Bolsonaro na ONU, em que o presidente exagerou na informação do valor do auxílio emergencial, ou seja, contextualizando a notícia principal. Os outros sites do resultado de minha pesquisa, como a revista Exame e o jornal Metrópoles, tratavam o assunto da mesma forma, também citando o G1 como sua fonte. Portanto, considerando as categorias da metodologia de fact-checking, podemos categorizar essa notícia como verdadeira.